domingo, 22 de dezembro de 2013

Resenha: Lolita - Vladimir Nabokov


Sinopse: Lolita - Vladimir Nabokov - 356 páginas - Companhia das Letras

Irreverente e refinado, este é um dos romances mais célebres de todos os tempos. É também uma aventura intelectual que não deixa ninguém indiferente, um relato apaixonado de uma sensualidade alucinada, uma autópsia implacável do modo de vida americano. De um lado, um homem de meia-idade, obsessivo e cínico. De outro, uma garota de doze anos, perversamente ingênua. A química se faz e dá origem a uma obra-prima da literatura do nosso século. 'Lolita' é chocante, desafia tabus, escandaliza. O livro foi incorporado ao imaginário coletivo da modernidade, e até o nome da personagem tornou-se um substantivo corrente, provas do alcance e da genialidade do autor.

Resenha: Humbert Humbert era fascinado por crianças de 9 aos 14 anos, que ele denominou ninfetas – por considerar a natureza de algumas diabólicas -, um pedófilo vamos assim dizer. Órfão de mãe desde os três anos ele foi criado pela tia e pelo pai, foi uma criança feliz e saudável. Quando jovem viveu um romance não consumado com Annabel, filha de amigos de sua tia, ela foi embora com a família sem que algum dos encontros amorosos fosse bem sucedido. A sombra da paixão por essa ninfeta, que na vida adulta ele concluiu que ela fora, o marcou por toda vida. Seus envolvimento com mulheres maduras era apenas alívio temporário, seu real desejo era pelas crianças. Ainda respeitoso as leis apenas as observava passarem próximo a ele. Até os trinta e poucos anos não entendia bem o desejo que sentia e tentava destruí-lo, por vezes sentia vergonha, outras vezes pensava que nada de errado havia em se sentir fascinado por uma menininha. Reconhecia a diferença entre uma menina normal e uma ninfeta. Tentando controlar seu desejo casa-se com Valéria, que beirava os trinta anos. A esposa o traiu, e para a felicidade de H. H. o largou para ir embora com amante. Até então vivia em Paris, com a morte de um tio americano ele foi agraciado com uma renda anual de alguns milhares de dólares, coma condição de viver nos Estados Unidos. Foi ser professor em uma universidade de Nova York, nas horas vagas entretinha-se a assistir ninfetas passearem no Central Park.

Viveu um tempo no sanatório devido a uma forte depressão. Ao sair foi aconselhado a passar uns meses na residência de uns primos que desejavam alugar o andar de cima da casa. Soube que tinham uma menina de doze anos, passou a viagem de trem imaginando a ninfeta a quem daria lições de francês e acariciaria. Porém um incêndio deixou a casa em que viveria inabitável, a família refugiou-se em um sítio, mas uma amiga da prima se dispôs a hospedá-lo. Charlotte Haze é viúva, e mãe da garotinha de doze anos que o encantou a primeira vista. Decidiu viver naquela residência que inicialmente achara de tão mal gosto, contente com o leque de possibilidades que imaginava. Dolores Haze, ou Dolly, ou Lola ou Lolita, é uma jovenzinha decidida, animada, e um pouco rebelde. Ela e a mãe não tem uma boa relação, e a garotinha se dá bem com o inquilino. A mãe, para infelicidade de Humbert, manda a garota para um acampamento. A Sr. Haze declara-se para o inquilino, e ele, vislumbrando as oportunidades para com Lolita dissimula também querer esse romance. O casamento acontece logo, sem que Lolita esteja presente, e tão logo ele acaba –Charlotte morre atropelada- que a garota ainda estava no acampamento.

O falso triste viúvo parte em busca de sua amada, a leva do acampamento, e partem em uma viagem pelo país. Não imagine uma indefesa garotinha sendo a força abusada por um homem de quarenta anos em um motel de beira de estrada. Não. A ousada ninfeta o quer, e iniciam-se como amantes, e nem por ele é que foi desvirginada. Isso não deixa de fazer dele um pedófilo é claro. Só que ele não é agressivo, ciumento e possessivo até que é. Para uma jovenzinha irritadiça é de se imaginar que se entediaria, então é constantemente presenteada e levada a passeios turísticos. H. H. a apresenta como filha, quando a sós desfruta do imenso prazer de enfim poder saciar seus desejos.

A narrativa em 1ª pessoa pelo ponto de vista de Humbert frequentemente é imersa em descrições minuciosas de Lolita, cada curva de seu corpo, expressão e gesto. Não pense que contei toda estória, a maior parte do livro segue após o início dessa viagem, adiante são narrados os anos deles juntos, e o que aconteceu a Humbert na vida pós-Lolita. É um romance forte, e habilmente escrito. Dá para compreender porque se tornou um clássico. SUPER RECOMENDO, para maiores de quinze anos¹.

Trechos: "Lolita, luz de minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes. Lo. Li. Ta." Página 13

“Quero agora expor uma ideia. Entre os limites de idade de nove e catorze anos, virgens há que revelam a certos viajores enfeitiçados bastante mais velhos do que elas, sua verdadeira natureza – que não é humana, mas nínfica (isto é, diabólica). A essas criaturas singulares proponho dar o nome de “ninfetas”. Página 21

“Agora, contorcendo-me de dor e deblaterando contra minha própria memória, reconheço que naquela ocasião, como em outras semelhantes, eu sistematicamente cuidava de ignorar os sentimento de Lolita apenas para aliviar minha vil consciência.”

“Podem zombar de mim, ameaçar evacuar o tribunal, mas até que eu seja amordaçado e semi-asfixiado continuarei a proclamar aos brados minha pobre verdade. Insisto em que o mundo saiba o quanto amei minha Lolita[...]” página 281

1: Na sociedade depravada em que vivemos há muitas ninfetas, melhor não dar ideia as que não são.
P.S. Nos momentos em que o livro ficou próximo a mim sem que eu estivesse lendo-o o mantive com a capa virada para baixo pois a foto daquele olhar me dá medo.

4 comentários:

  1. Oi,

    já ouvi falar bastante desse livro e tenho muita vontade de lê-lo! Adoro livros polêmicos, que trazem tramas e situações não convencionais e que meio que desafiam os valores do leitor. Ótima resenha!

    Bjs

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  2. Olá, como vai?
    Eu li esse livro, achei muito bom!
    eu não gosto da Lolita rsrs Um dos motivos é que muitos querem dizer que ela é uma ""criança inocente""... Por favor. Na verdade, eu acho a Lolita bem "safada", por assim dizer.
    Mas, curti, e muito o livro
    Adorei teu post.

    http://incriativos.blogspot.com.br/

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  3. Tenho uma imensa vontade de ler esse livro, achei sua resenha ótima e super interessante, adorei.
    Leitora nova, seguindo o blog e gostando muito, beijos!
    Se puder dar uma olhadinha no meu blog e dizer o que acha eu ficaria muito feliz: http://feitadepalavras.blogspot.com.br/ =]

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  4. Eu assumo que tenho uma medo deste livro. Eu o tenho, mas nunca li. Sempre que começo acabo desistindo, mas um dia eu leio tudo.

    Beijos.

    http://livrosleituraseafins.blogspot.com.br/

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